17 dezembro 2006

PORTUGAL

Esta é a ditosa pátria minha amada. Não.
Nem é ditosa, porque o não merece.
Nem minha amada, porque é só madrasta.
Nem pátria minha, porque eu não mereço
A pouca sorte de nascido nela.

Nada me prende ou liga a uma baixeza tanta
quanto esse arroto de passadas glórias.
Amigos meus mais caros tenho nela,
saudosamente nela, mas amigos são
por serem meus amigos, e mais nada.

Torpe dejecto de romano império;
babugem de invasões; salsugem porca
de esgoto atlântico; irrisória face
de lama, de cobiça, e de vileza,
de mesquinhez, de fatua ignorância;
terra de escravos, cu pró ar ouvindo
ranger no nevoeiro a nau do Encoberto;
terra de funcionários e de prostitutas,
devotos todos do milagre, castos
nas horas vagas de doença oculta;
terra de heróis a peso de ouro e sangue,
e santos com balcão de secos e molhados
no fundo da virtude; terra triste
à luz do sol calada, arrebicada, pulha,
cheia de afáveis para os estrangeiros
que deixam moedas e transportam pulgas,
oh pulgas lusitanas, pela Europa;
terra de monumentos em que o povo
assina a merda o seu anonimato;
terra-museu em que se vive ainda,
com porcos pela rua, em casas celtiberas;
terra de poetas tão sentimentais
que o cheiro de um sovaco os põe em transe;
terra de pedras esburgadas, secas
como esses sentimentos de oito séculos
de roubos e patrões, barões ou condes;
ó terra de ninguém, ninguém, ninguém:
eu te pertenço. És cabra, és badalhoca,
és mais que cachorra pelo cio,
és peste e fome e guerra e dor de coração.
Eu te pertenço mas seres minha, não

Jorge de Sena

13 dezembro 2006

O DINHEIRO NÃO É TUDO...

08 dezembro 2006

DEMOCRACIA PROSTITUIÇÃO II

O País vai mal... é verdade! É preciso continuar a pedir sacrifícios aos portugueses. Mas como é que chegámos tão fundo? Não há dinheiro, dizem...

Já agora, talvez seja bom verificar em que condições e nível de vida andam aqueles que pedem sacrifícios ao português médio e ao que vive com o salário mínimo.

É isso que este texto pretende: abrir os olhos de todos para a hipocrisia dos nossos governantes.

ANÍBAL CAVACO SILVA

Actualmente recebe três pensões pagas pelo Estado, distribuídas da seguinte forma:

- € 4.152,00 - Banco de Portugal.
- € 2.328,00 - Universidade Nova de Lisboa.
- € 2.876,00 - Por sido primeiro-ministro.

Podendo acumulá-las com o vencimento de P.R. !

Porque será que, o Expresso, o Público, o Independente, o Correio da Manhã e o Diário de Notícias, não abordaram este caso, mas trataram os outros conhecidos, elevando-os quase à categoria de escândalos, será que vão fazer o mesmo que fizeram com os outros???

Não será por coisas destas a falência da Segurança Social?

Li, há semanas, numa pequena notícia do Expresso, que prescreveu uma dívida de 700.000 Euros, de IRS de António Carrapatoso, figura de proa da Telecel/Vodafone e destacado dirigente do PSD. Porque razão prescreveu esta dívida? Porque razão não se procedeu à cobrança coerciva, dado que o contribuinte em causa não tem, nem nunca teve, paradeiro desconhecido?

Aliás, António Carrapatoso nunca deixou de aparecer, com alguma frequência, nos écrans da televisão para entrevistas e comentários, onde sempre defendeu as virtudes do "sistema" em que vivemos e que nos é imposto (pudera!!!!!!). Esta dívida não pode prescrever porque se trata de dinheiro devido ao Estado, ou seja a TODOS NÓS.

Os CTT pagaram 19 mil euros a Luís Felipe Scolari por uma palestra de 45 minutos, que teve como tema algo do tipo «Como fortalecer o espírito de grupo» no dia 14 de Janeiro de 2005, no Pavilhão Atlântico, em Lisboa, durante um Encontro dos Correios de Portugal.

A decoração custou mais de 430 mil euros e havia dois carros de luxo. A despesa efectivamente facturada entre 8 de Julho de 2002 e 31 de Maio de 2005, com a decoração do gabinete do presidente do Conselho da Administração dos CTT, Carlos Horta e Costa, bem como a sua sala de visitas e ainda das salas de visitas e refeições custou 430.691 euros. Carlos Horta e Costa teve à sua disposição, entre 2002 e 2005, um Jaguar S Type (a renda para o adquirir custou cerca de 50.758 euros) e um Mercedes Benz S320CDI (comprado em Abril de 2004 por 84 mil euros). Assim, o Relatório da Inspecção-Geral das Obras Públicas conclui haver «indícios de má gestão» e «falta de contenção de uma empresa que gere dinheiros públicos», pelo anterior Conselho de Administração que liderou os CTT entre 8 de Julho de 2002 e 31 de Maio de 2005.

Sabe-se dia 27 no Público que a advogada Vera Sampaio foi contratada como assessora pelo membro do Governo Senhor Doutor Manuel Pedro Cunha da Silva Pereira, Ministro da Presidência.
Como a tarefa não é muito cansativa foi autorizada a continuar a dar aulas numa qualquer universidade privada onde ganha uns tostões para compor o salário e poder aspirar a ter uma vidinha um pouco mais desafogada.
O facto de ser filha do Senhor ex-presidente não teve nada a ver com este reconhecimento das suas capacidades, juro pela saúde do Engenheiro Sócrates.

Há famílias a quem a mão do Senhor toca com a sua graça. Ámen.

Neste caso soube-se há tempos que o filhote depois de se ter formado foi logo para consultor da Portugal Telecom, onde certamente porá toda a sua experiência ao serviço de todos nós.

Agora, como já ontem se disse, calhou a sorte à maninha e lá vai ela toda lampeira em part-time para o desgoverno, onde certamente porá toda a sua experiência ao serviço de todos nós.

Com apenas 50 anos de idade e gozando de plena saúde, o socialista Vasco Franco, número 2 do PS na Câmara de Lisboa durante as presidências de Sampaio e de Soares, está já reformado com uma pensão de 3.035 euros, um valor bastante acima do seu vencimento como vereador. Foi aposentado como técnico superior de 1ª classe – apesar de as suas habilitações literárias serem equivalentes ao 9º ano.

Entrou para o Ministério da Administração Interna em 1972 e dos 30 anos passados só ali cumpriu sete de dedicação exclusiva; três foram para o serviço militar e os restantes 20 na vereação da Câmara de Lisboa, doze dos quais a tempo inteiro. Vasco Franco diz que a lei o autoriza a contar a dobrar 10 dos 12 anos como vereador a tempo inteiro: triplicar o salário.

Já depois de ter entregue o pedido de reforma, Vasco Franco foi convidado para administrador da Sanest (uma sociedade de capitais públicos), com um ordenado líquido de 4000 euros mensais. Foi convidado pelo presidente da Câmara da Amadora, cuja mulher é secretária de Vasco Franco na Câmara de Lisboa.

A acumulação de vencimentos foi autorizada mas o salário de administrador é reduzido em 50% – para 2000 euros – a partir de Julho, mês em que se inicia a reforma, disse ao EXPRESSO Vasco Franco.

A somar aos mais de 5000 euros da reforma e do lugar de administrador, Vasco Franco recebe ainda mais 900 euros de outra reforma, por ter sido ferido em combate (!?) em Moçambique já depois do 25 de Abril (????????) e cerca de 250 euros em senhas de presença pela actuação como vereador sem pelouro.

Contas feitas, o novo reformado triplicou o salário que auferia no activo, ganhando agora mais de 1200 contos limpos. Além de carro, motorista, secretária, assessores e telemóvel.

Nem tudo vai mal nesta nossa República (Pelo menos para alguns!) Com as eleições legislativas de 20/Fevereiro, metade dos 230 deputados não foram eleitos. Os que saíram regressaram às suas anteriores actividades sem, contudo saírem tristes ou cabisbaixos. Quando terminam as funções, os deputados e governantes têm o direito, por Lei (deles) a um subsídio que dizem de reintegração (coitados, tem de voltar para esta selva que é a luta pelo pão de cada dia nos seus antigos lugares de administração ou de profissionais liberais tão mal pagos, como sabemos):

Um mês de salário (3.449 euros) por cada seis meses de Assembleia ou governo.

Desta maneira um deputado que o tenha sido durante um ano recebe dois salários (6.898 euros). Se o tiver sido durante 10 anos, recebe vinte salários (68.980 euros). Feitas as contas e os deputados que saíram, o Erário Público desembolsou mais de 2.500.000 euros!

No entanto, há ainda aqueles que têm direito a subvenções vitalícias ou pensões de reforma (mesmo que não tenham 60 anos!). Estas são atribuídas aos titulares de cargos políticos com mais de 12 anos.

(Segue Lista)

Entre os ilustres reformados do Parlamento encontramos figuras como:

Almeida Santos........................ 4.400, euros;
Medeiros Ferreira..................... 2.800, euros;
Manuela Aguiar......................... 2.800, euros;
Pedro Roseta............................ 2.800, euros;
Helena Roseta........................... 2.800, euros;
Narana Coissoró . .................... 2.800, euros;

Álvaro Barreto........................... 3.500, euros;
Vieira de Castro..........................2.800, euros;
Leonor Beleza . ........................ 2.200, euros;
Isabel Castro............................. 2.200, euros;
José Leitão................................ 2.400, euros;
Artur Penedos............................1.800, euros;
Bagão Félix............................... 1.800, euros.


(Vêem? Tadinhos destes "desconhecidos",

que se não fosse esta esmola estavam a comer na Mitra)

Quanto aos ilustres reintegrados , encontramos os seguintes:

Luís Filipe Pereira 26.890, euros / 9 anos de serviço;
Sónia Fortuzinhos 62.000, euros / 9 anos e meio de serviço;
Maria Santos 62.000, euros /9 anos de serviço;
Paulo Pedroso 48.000, euros / 7 anos e meio de serviço

(e ainda vamos ver se não vai receber indemnizações pelo processo Casa Pia);
David Justino 38.000, euros / 5 anos e meio de serviço;
Ana Benavente 62.000 , euros / 9 anos de serviço;
M.ª Carmo Romão 62.000, euros / 9 anos de serviço;
Luís Nobre Guedes 62.000 , euros / 9 anos e meio de serviço.

A maioria dos outros deputados que não regressaram estiveram lá somente na última legislatura, isto é, 3 anos, o suficiente para terem recebido cerca de 20.000 euros cada !

É ESTA A CLASSE POLÍTICA QUE TEM A LATA DE PEDIR SACRIFÍCIOS AOS PORTUGUESES PARA DEBELAR A CRISE!!!!!!

Vítor Constâncio governador do Banco de Portugal

ganha 272.628 € por ano, ou seja quase 3.894 contos MENSAIS, 14 meses/ano.

Outros ordenados chorudos do Banco de Portugal :

O Vice-governador, António Pereira Marta - 244.174 €/ano

O Vice-governador, José Martins de Matos - 237.198 €/ano

José Silveira Godinho - 273.700 €/ano

Vítor Rodrigues Pessoa - 276.983 €/ano

Manuel Ramos Sebastião - 227.233 €/ano

O Vice-governador, António Pereira Marta até acumula com o seu salário com a sua pensão como reformado … do Banco de Portugal.

Aliás, o Vítor Rodrigues Pessoa, também tem uma reforma adicional de 39.101 €/ano

Total 316.084 €/ano

e o José Silveira Godinho também acumula com uma pensão do BP, mais 139.550 €/ano

Total 413.250 €/ano

Campos e Cunha, ex-ministro das Finanças recebeu durante os dois meses em que esteve no Executivo 4600 euros mensais de ordenado e uma reforma de 8.000 euros do Banco de Portugal.

Mira Amaral saiu da Caixa Geral de Depósitos (CGD) com uma reforma de gestor 18.000 euros. Na altura acumulava uma pensão de 1,8 mil euros, como deputado e 16.000 euros como líder executivo da CGD.

O que me choca não é o valor da reforma. É o facto de Mira Amaral poder auferir desta reforma - paga pelos contribuintes - ao fim de apenas um ano e nove meses!!!!!!

Esta situação é profundamente escandalosa e tem repercussões que afectam a própria credibilidade do regime democrático.
Esta forma aparentemente ligeira como é gasto o dinheiro dos contribuintes é grave pelo acto em si e pelo seu impacto na legitimidade do Estado para impor novas formas de captar receita.


Gostava de viver numa verdadeira Democracia!

Todos com o mesmo sistema de saúde;

Todos a pagarem impostos;

Todos a terem reformas merecidas e justas;

Todos com o mesmo sistema de Justiça

e não um para os ricos (intocáveis) e outro para os pobres.

Peço a quem ler esta mensagem que a divulgue e que se tiver conhecimento de mais casos que me envie para eu compilar tudo para mostrar a todos o país onde vivemos

tiago.lab@gmail.com

02 dezembro 2006

A TODOS OS CONSUMIDORES DE PETRÓLEO...

Como é do conhecimento do mundo inteiro, o preço do barril de crude está em queda. Em Portugal, as principais gasolineiras (GALP, REPSOL e BP) mantêm, a explorações impune aos seus consumidores, como é conveniente a este cartel….

A nossa GALP, que deveria ser a empresa mais combativa do mercado, que deveria ser a “nossa” gasolineira de eleição, surpreendentemente é quase sempre, dia após dia, a mais cara do mercado. Actualmente, a GALP mantêm o preço referência do Gasóleo a 1,008€, da Gasolina 95 a 1,208€ e a Gasolina 98 a 1,273€ .

As gasolineiras podem sempre desculpar-se… podem dizer que tem vindo a baixar os preços conforme as oscilações do mercado e blá blá blá… conversa!!! E de conversa estamos nós fartos. Vêm ai mais um ano para a engorda dos lucros das empresas e de apertar o cinto para os trabalhadores e demais população.

Mas em boa da verdade, em 2005, no ano em que o petróleo atingiu os preços mais elevados, os preços médios eram muito inferiores aos actuais. Em 2005, o preço médio anual de venda ao público por litro de gasolina sem chumbo 95 foi de 1,148€, enquanto o do gasóleo foi de 0,938€. Estamos só a falar de uma diferença de 0,07€ por litro de gasóleo e de 0,06€ na gasolina de 95.

Então se os aumentos estão directamente relacionados com o aumento do preço do crude nos mercados internacionais, porque é que quando há descidas de preços, essa mesma politica não se aplica?

Estamos a ser gozados por empresas que embora não tenham o monopólio, agem como se de um cartel se tratasse. Tal como as empresas do Grupo PT (TvCabo, TMN, PT, etc), controlam o mercado, os preços, a concorrência, tudo, a seu belo prazer, em prol dos lucros dos seus accionistas, nomeadamente do Estado (directa, através das suas Administrações nomeadas, ou indirectamente, através da carga fiscal a que são sujeitas, sendo estas empresas as principais financiadoras do nosso fantástico PIB)

Já chega… Se a GALP (e restantes empresas) não se preocupam com os seus clientes, vão os clientes ter que tomar posição.
Reclama junto da GALP (
clientes@galpenergia.com) mostrando-lhe o teu desagrado. Passa a palavra!!!

Tiago Mota
Consumidor de Derivados do Petróleo





Noticias Frescas sobre o fantástico mundo do crude..
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Preço do petróleo desliza para o menor nível desde Junho de 2005
Sexta-feira 17 de Novembro, 2006 1:52 GMT - LONDRES (Reuters) – O petróleo recuava até 55 dólares por barril nesta sexta-feira, atingindo o menor nível desde meados de 2005, derrubado por vendas de fundos nos mercados de commodities, geradas por temores com uma desaceleração económica nos Estados Unidos. O petróleo caiu ainda mais após a divulgação dos dados dos stocks norte-americanos e antes do vencimento do contrato no fechamento desta sessão. Perto das 14h30 (horário de Brasília), os contratos para Dezembro perdiam mais de um dólar na Nymex. A cotação teve baixa de quase 30 por cento em relação ao recorde de 78,40 dólares por barril em Julho. Em Londres, o tipo Brent perdia 0,29 dólar, a 58,25 dólares por barril. "Existe uma preocupação cada vez maior de que nós poderemos estar indo rumo a uma desaceleração económica nos Estados Unidos", disse Rick Mueller, analista sénior da consultoria ESAI. "Essa queda também mostra um mercado de petróleo bem abastecido e uma perspectiva de calor nos EUA, e com essas condições o mercado está começando a acordar para o facto de que os preços não devem estar perto dos 60 dólares por barril." Os metais também recuavam em meio a temores de que, se a maior economia do mundo desacelerar, a demanda por matéria-prima também vai sofrer. Os preços do cobre em Londres caíam para o menor patamar desde Junho nesta sexta-feira. Os dados de Outubro da produção industrial dos EUA, divulgados na quinta-feira, foram fracos e mostraram sinais de uma economia em arrefecimento. Os mercados de petróleo têm operado na faixa entre 58 e 62 dólares por barril há seis semanas, o mais longo período de uma variação desde o mesmo intervalo do ano passado. (Por Simon Webb - Reuters)


Gasóleo e gasolinas mais baratas - Galp baixa preço dos combustíveis
[ 2006/11/07 09:31 ] EditorialPGM

A Galp Energia decidiu baixar os preços dos combustíveis. Gasolinas e gasóleo baixam um cêntimo.

De acordo com os novos preços de referência da petrolífera, o litro de gasóleo rodoviário passa a custar 1,008 euros. Há uma semana atrás, a Galp tinha aumentado este combustível exactamente um cêntimo por litro. Nas gasolinas, a de 95 octanas passa a custar 1,208 euros por litro, enquanto que a de 98 octanas custa 1,273 euros.
«Num cenário de incerteza dos mercados mundiais do petróleo e dos seus derivados, que dura há largo tempo, têm-se verificado variações de preços com uma frequência cada vez mais acentuada. A Galp Energia prossegue a sua política de fazer traduzir no mercado as oscilações dos índices internacionais, garantido, nomeadamente, que movimentos de reduções das cotações são reflectidos tão rapidamente quanto possível nos preços no consumidor», diz a empresa. (
http://www.agenciafinanceira.iol.pt/noticia.php?id=739626)


Combustíveis: Peso dos impostos chega quase aos 63%
ISP triplica preço

Por cada euro gasto em gasolina sem chumbo 95, os portugueses deram quase 63 cêntimos ao Estado ao longo de 2005, ou seja, o custo do imposto fez praticamente triplicar o preço deste combustível.

No gasóleo a situação é idêntica, com quase 50 cêntimos por euro gasto a ir para os cofres do Estado. Este ano, o valor do imposto já aumentou e ainda vai voltar a subir.

De acordo com dados divulgados ontem pela APETRO –- Associação Portuguesa de Empresas Petrolíferas, 62,8% do preço de cada litro de gasolina sem chumbo 95 octanas correspondia ao Imposto sobre os Produtos Petrolíferos (ISP) e ao Imposto sobre o Valor Acrescentado (IVA), enquanto no gasóleo os impostos correspondiam a 49,9% do valor pago pelos consumidores.

Em 2005, o preço médio anual de venda ao público por litro de gasolina sem chumbo 95 foi de 1,148 euros, enquanto o do gasóleo foi de 0,938 euros.

Apesar de tudo, quando comparado com 2004, o peso dos impostos no preço dos combustíveis recuou. Há dois anos, os impostos representavam 66,5% do preço da gasolina sem chumbo 95 e 55% do preço do gasóleo.

A recente subida de 2,5 cêntimos do ISP por litro de combustível levou já a uma actualização dos preços da gasolina e do gasóleo. Para Junho está previsto novo aumento de 2,5 cêntimos do ISP, pelo que o peso dos impostos sobre estes bens deverá ser ainda maior no final de 2006.

A APETRO não prevê, porém, que os preços dos combustíveis venham a subir em virtude de um aumento dos preços do petróleo. “Não haverá um decréscimo e, muito provavelmente, os preços deverão manter-se nos valores actuais”, afirmou ao CM José Horta, secretário-geral daquela associação. No que respeita à despesa com petróleo, Portugal pagou, em média 12 euros a mais em 2005 por cada barril de crude, quando comparado com o ano anterior. No total a factura de Portugal com o petróleo aumentou 1,2 mil milhões de euros.

OUTROS NÚMEROS

RECEITAS CRESCEM

Ao longo de 2005, o Estado arrecadou 2,9 mil milhões de euros com o Imposto sobre os Produtos Petrolíferos (ISP). Este ano espera-se que um aumento desta receita em 210 milhões de euros devido à recente subida no ISP.

VENDA TRIPLICA

As vendas de gasóleo triplicaram em relação às de gasolina no ano passado. Os dados da APETRO revelam que em 2005, as vendas do gasóleo foram 200 por cento superiores às da gasolina. Entre 1994 e 2005, o consumo de gasolina desceu 3 por cento, mas o do gasóleo aumentou 90 por cento.

PREÇOS MAIS ALTOS

Os consumidores portugueses estão já entre os que pagam a gasolina mais cara na Europa. Ao contrário do que se passa na vizinha Espanha que tem os preços mais baixos da União Europeia. A nível de gasóleo a situação é diferente. Portugal tem um preço médio, mas mesmo assim acima do praticado em Espanha.

FISCALIDADE MÉDIA

No contexto da União Europeia, Portugal tem um nível de fiscalidade médio sobre os combustíveis. O ISP mais alto dos 25 é cobrado no Reino Unido e o mais baixo na Grécia.

BRENT

No ano passado o “brent”, isto é,o petróleo negociado em Londres e de referência para a Europa, apreciou 45,77%, encerrando 2005 nos 58,98 dólares (48,77 euros). Actualmente, o preço do barril está acima dos 65 dólares em Londres.

2006-01-31 - 13:00:00 - Sandra Rodrigues dos Santos
(CM -
http://www.correiomanha.pt/noticia.asp?id=189982&idselect=181&idCanal=181&p=0)