23 setembro 2006

PRECARIEDADE


Cada vez mais vai engrossando no nosso pais a cultura Americana, eu sei que esta cultura dá muito jeito a muita gente, no entanto a nossa cultura e os nossos direitos estão a desaparecer, para não dizer que estão a ser roubados...

Estou a falar mais objectivamente no direito ao trabalho honesto, leal, e com direitos, no nosso pais, nesta data, reina a precariedade, pois hoje quem precisa de trabalhar é confrontado:

-Salários de miséria (Média de € 400,00);

- Recibos verdes;

- entre muitas outras..

E depois estas situações são vendidas ao candidato para o "emprego" como sendo muito benéficas para ele, e como a nossa cultura geral anda muito por baixo, estes candidatos ficam sem resposta ...

Pois é, já não estamos naquele pais em que havia empresários, que queriam ter empresas com futuro, queriam pessoas que se identificassem com o desenvolvimento da empresa, que queriam criar "riqueza" junto com os seus empregados, para desta forma desenvolver a empresa e ao mesmo tempo dar estabilidade e condições aos seus empregados.

Agora dão nomes pomposos aos trabalhadores, ou seja aos seus colaboradores, para fazerem esquecer a existência dos trabalhadores e todos os direitos que foram adquiridos ao longo dos anos, sim porque agora até ao subsídio de almoço estes chamam de regalia.

Outra que está bastante na moda é o trabalho temporário, ou seja as empresas servem-se de trabalhadores que têm contratos mensais com uma empresa de trabalho temporário, para fazer todo o tipo de trabalho nessa empresa - perdão quanto à parte da Administração não corresponde à verdade - ou seja o lixado continua a ser o trabalhador, pois a empresa de trabalho temporário ganha o seu, que não é pouco, a empresa onde o trabalhador presta serviço esfrega as mão de contente, sendo que:

- Não tem encargos com este trabalhador (deduz a factura nos impostos);

- O trabalhador como está com esperanças em ficar efectivo nessa empresa, até limpa os sapatos ao patrão se for necessário;

- Consegue ter este empregado ao seu serviço anos e anos, sem ser responsabilizado;

- Os outros trabalhadores é que lhes dão formação e ainda fazem o seu trabalho, nem que para isso tenham que ficar depois do seu horário, sem receber um cêntimo;

- Quando este empregado ficar doente, é fácil manda vir outro em sua substituição, quanto ao anterior, que vá morres longe.

Mas desengane-se quem pensa que não tem nada a ver com isto, pois é por estas e outras que as empresas e os serviços do nosso pais cada vez funcionam pior, cada vez existe mais incompetência, e cada vez pagamos mais caro, atenção, não pagamos mais caro por causa dos trabalhadores serem beneficiados, mas sim para cada vez mais o lucro dos empresários ser maior......
E por fim não se esqueçam, hoje são os outros que trabalham nestas condições, amanhã podem ser os vossos filhos ou netos...

14 setembro 2006

OS JORNALISTAS E A DESCOBERTA DA POLVORA

Em 12 de Setembro de 2006, o Jornal de Notícias publicou uma suposta notícia e ao mesmo tempo uma novidade, pelo menos para a autora dessa notícia.
No entanto para quem vive no mundo real, é uma realidade com que já convivemos à largos anos, no entanto esta suposta noticia só tinha uma preocupação, que era fazer publicidade à "proposta socialista".
Pois é minha Senhora, o nosso país não precisa de nova lei, precisa é que a actual seja cumprida, se a lei actual fosse cumprida, não teriamos este nível de trabalho precário em Portugal. Se a inspecção de trabalho, o ministério do trabalho, etc... fizessem cumprir a lei existente, o numero de trabalhadores temporários e contratados desceria drasticamente.
Deixe-me lhe dizer os numeros estão muito desactualizados, pois no pais real em que vivemos, nós já vamos à frente dos espanhois, e com grande avanço. "Um em cada cinco portugueses assinou um contrato a prazo (a termo certo) ou temporário com a entidade empregadora", minha Senhora se assim fosse as empresas de trabalho temporario já tinham aberto falência, mas infelizmente elas estão de muito boa saúde, e cada vez são mais.
Leia a lei actual, e na próxima noticia que publicar sobre este assuto, se o seu patrão deixar é claro, diga a verdade, não tenha medo, ou será que a Senhora também pertence a este grande grupo.
Notícia acima referida
Um em cada cinco trabalhadores vive com emprego temporário

Alexandra Figueira
Um em cada cinco trabalhadores vive com emprego temporário Portugal e Espanha são os dois países da União Europeia (UE) a 15 com mais trabalhadores precários. E, na comunidade a 25 países, só a Polónia ultrapassa a Península Ibérica na precariedade no trabalho.
Os mais recentes dados do Eurostat sobre a força de trabalho europeia mostram que, em matéria laboral, Portugal continua atrás da maioria dos parceiros comunitários numa série de indicadores, desde a segurança do posto de trabalho, até ao número médio de horas trabalhadas, onde ocupa o quarto lugar na UE a 15.A instabilidade no emprego é um dos indicadores em que Portugal se destaca pela negativa. Um em cada cinco portugueses assinou um contrato a prazo (a termo certo) ou temporário com a entidade empregadora.
A Espanha é, de longe, o país onde a precariedade mais atinge a mão-de- -obra, com um em cada três espanhóis a trabalhar nessas circunstâncias. Também a Polónia - cuja economia só recentemente se converteu ao sistema capitalista e entrou na UE - aparece nos lugares cimeiros.
A par da precariedade, também na carga de trabalho Portugal sobressai no panorama comunitário, situando-se no quarto lugar entre os Quinze no que toca a número médio de horas trabalhadas. Só o Reino Unido (42,6 horas), a Áustria (42,4 horas) e a Grécia e Espanha (41 horas) ultrapassam Portugal no que toca ao tempo passado no posto de emprego (40,2 horas, o mesmo que no Luxemburgo).
Os portugueses passam, assim, mais tempo no trabalho do que a maior parte dos europeus, mas apesar disso a sua produtividade é inferior em um terço à média comunitária.Uma das várias razões pelas quais a produtividade nacional é tão baixa é a qualificação dos trabalhadores e, aqui, Portugal está novamente mal colocado.
Em Junho do ano passado, só 4,6% dos portugueses declararam ter participado em acções de formação profissional ou educativa - a percentagem mais baixa de toda a União a Quinze. Na UE a 25, só a Hungria dá menos formação aos seus trabalhadores.Um décimo na agriculturaPortugal ainda é um país de agricultores.
O Eurostat indicou que 11,8% dos trabalhadores estão no sector agrícola. Entre a União Europeia a Quinze, o primeiro lugar é ocupado pela Grécia, com 12,4% da mão-de-obra dedicados ao sector primário.
No global da União Europeia, a agricultura tem um peso ainda maior. Na Polónia, 17,4% dos trabalhadores são agricultores, seguida da Lituânia (14%) e da Letónia (11,8%). Luxemburgo, Bélgica e Alemanha são os países com menor percentagem de agricultores, abaixo dos 3%.Legislação mais dura.
A proposta socialista que mudará a lei que rege o trabalho temporário será discutida amanhã em concertação social, mas já mereceu críticas pela Associação Portuguesa das Empresas do Sector Privado de Emprego (APESPE). (e as associações dos trabalhadores ?)
À Lusa, o presidente Marcelino Pena Costa criticou a "carga burocrática inacreditável" que será exigida no processo de licenciamento e a manutenção do Instituto de Emprego e Formação Profissional como entidade responsável pelo processo de licenciamento. (palha, para distrair das verdadeiras razões, porque estão de acordo com a proposta do PS)
Em alternativa, Pena Costa defende a criação de uma comissão tripartida, com dois membros da Inspecção-Geral do Trabalho, dois das centrais sindicais e dois das patronais, entre os quais a própria APESPE. No parecer que enviou ao Governo, parceiros sociais e partidos políticos, a associação sugere que a licença de actividade seja renovada de três em três anos e não anualmente, como proposto, e aplaudiu o facto de passarem a ser permitidos contratos de trabalho durante três anos, tal como previsto na lei geral.

10 setembro 2006

SEGURANÇA SOCIAL


O Governo quer mexer na Segurança Social, com várias alterações ao actual sistema de reformas. Se entrarem em vigor as medidas anunciadas a maioria dos portugueses pode contar com pensões mais baixas, além da probabilidade de ter de contribuir mais e trabalhar mais tempo.
Entre as medidas está a associação da esperança média de vida às pensões, a antecipação da entrada em vigor da nova forma de cálculo e a indexação dos seus aumentos anuais ao crescimento do PIB e à inflação. Aquilo que os portugueses podem, de facto, esperar é pensões mais baixas. Quem quiser uma reforma mais digna tem de trabalhar mais anos. A proposta de diversificação das fontes de receita da Segurança Social, nomeadamente através da tributação do valor acrescentado bruto das empresas, foi rejeitada pelo Governo.
O The Wall Street Journal acusou a administração do Millennium bcp de “encher os bolsos” à custa dos seus accionistas, atribuindo salários milionários aos nove gestores, que no conjunto podem ascender até 10 por cento dos lucros. O jornal norte-americano, na sua edição europeia, refere que “os banqueiros têm jeito para enriquecerem. Mas poucos o fazem com tanto atrevimento quanto os gestores do BCP, o maior banco cotado português”.
Pode o artigo conter incorrecções, mas o exagero desses ganhos é um facto. Mas em Portugal o problema não se limita ao caso isolado de um banco. No ano passado, com a economia nacional quase estagnada, os vencimentos dos administradores das grandes empresas portuguesas subiram 8 por cento. Isto é que vai uma crise, dirão eles.
No seu discurso do 25 de Abril, o Presidente da República propôs o combate à exclusão social, anunciando um vago compromisso cívico para acabar com a pobreza, sem referir, no entanto, as causas que a originam. O objectivo, porém, não poderá ser atingido apenas com “sindicatos e parceiros sociais”. Os detentores do poder económico devem ser incluídos no combate à exclusão social para que a distribuição da riqueza seja outra.
A fortuna acumulada das dez maiores famílias portuguesas é de 7,550 milhões de euros, o que corresponde ao rendimento de dois milhões de pensionistas por ano.È gritante a contradição quanto à forma como o Governo encara o aumento da esperança de vida. Por um lado, faz o apelo ao prolongamento da idade activa, por outro, continua a permitir o desenvolvimento de politicas nos sectores privado e público que expulsam precocemente do trabalho milhares e milhares de trabalhadores na casa dos 50 anos e até mais cedo.A precariedade do emprego e o desemprego, que afectam vários milhares de portugueses, são comparáveis ao trabalho infantil e à escravatura dos primórdios do capitalismo.
Actualmente há novas formas mais requintadas e globalizadas de exploração, suportadas por uma ideologia neoliberal que impõe a desregulamentação do trabalho e toma Insegura a vida dos trabalhadores. Há 120 anos os trabalhadores lutaram pelo estabelecimento de um horário de trabalho de oito horas diárias, pela afirmação de direitos colectivos e pelo combate à precariedade e garantia dos direitos mínimos no trabalho. As causas que estruturam actualmente as reivindicações fundamentais são as mesmas de há muitas décadas porque também o sistema em que vivemos é o mesmo.