16 outubro 2006

TRATAR DA SAÚDE

Há já muitos anos, um senhor ministro da Saúde, cujo nome não lembramos, e também não lembramos o partido a que pertencia, dos que estoicamente governam o país há mais de 30 anos, resumindo um programa de reforma da saúde, faseada no tempo para a “dor” não ser súbita e mortal, disse para toda a gente ficar a saber: “quem quer saúde, paga-a”. Os governos seguintes, cada um com o seu estilo, esforçaram-se por cumprir o programa. O actual parece disposto a terminar a reforma.

O país ainda não foi informado qual o hospital, depois da privatização da saúde, que a reforma reservará aos indigentes. Há um em fase adiantada de construção para os lados do Colombo.

Os habitantes de uma determinada cidade do país não contratavam seguros de saúde. Os serviços hospitalares públicos dessa cidade ainda funcionavam bem.

Estudos e estudos, durante anos e anos, a dizerem que os cidadãos “entupiam” sem necessidade as urgências hospitalares, em vez de recorrerem aos serviços de urgência dos locais de residência. O actual ministro disse que não tem confiança nessas urgências. Não é necessária uma lei que puna os que enganam os portugueses, porque já só é enganado quem quer.

Os membros do governo, para darem credibilidade à reforma, quando necessitarem de recorrer às urgências, circulam por aí durante 45 minutos e depois esperam como os outros cidadãos, consoante a gravidade da maleita, até serem atendidos?

Uma senhora, já de muita idade, quando está doente, costuma dizer: valha-me Santo António. Que não se esqueça de, na próxima, pôr uma moedita na caixa das esmolas.

A receita neoliberal dita que todos temos as mesmas oportunidades. Dirija-se ao médico particular com a receita e será bem atendido.

Lembrando Brecht: se não existissem ministros que executam as chamadas reformas neoliberais, o milho cresceria de cima para baixo?

Em tempo de comprar as vacinas contra a gripe, as televisões esquecem as aves.

Quem recusar uma “maior esperança de vida”, pagando, claro, durante o tempo que por cá andar, uma pequena taxa moderadora para a assistência com um fim condigno, não é penalizado na reforma pela Segurança Social?

Para poupar dinheiro, não será possível fechar outras unidades de saúde e criar serviços móveis? Uma espécie de serviço humanitário. Também mandamos especialistas desta área para outros países em crise. E engenheiros. E também houve as bibliotecas itinerantes. Não é uma ideia assim tão despicienda.

O nível de vida dos portugueses melhorou muito em resultado da venda de medicamentos fora das farmácias. Valeu bem a pena toda aquela campanha de convencimento logo a seguir à posse do governo.

Se ainda não sentiu ganas de protestar, atenção à saúde, belisque-se. Há que continuar a viver. A vida é uma luta. Ou muitas lutas?

JDNS

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